Entre janeiro e novembro de 2024, as exportações brasileiras de café alcançaram 46,399 milhões de sacas de 60 quilos. Mesmo ainda faltando os dados de dezembro para fechar o ano, o volume já é um recorde anual, superando em 3,78% a maior quantidade já registrada – 44,707 milhões de sacas, nos 12 meses de 2020. A informação foi divulgada pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Em relação à performance de janeiro a novembro de 2023 (35,102 milhões de sacas), a evolução é de 32,2%.
Em receita cambial, o desempenho é ainda mais significativo e também recorde anual, mesmo faltando um mês para o fechamento de 2024. Nos primeiros 11 meses deste ano, o Brasil recebeu US$ 11,302 bilhões com as remessas de café ao exterior, apresentando crescimento de 22,3% sobre o maior registro anterior, de US$ 9,244 bilhões entre janeiro e dezembro de 2022, e de 56% em relação ao obtido em igual período do ano passado.
Em novembro, o país exportou 4,662 milhões de sacas do grão, um incremento de 5,4% em relação às 4,422 milhões de sacas embarcadas no mesmo mês de 2023. Em receita cambial, o crescimento é de 62,7%, com os ingressos saltando de US$ 825,7 milhões para os atuais US$ 1,343 bilhão no mesmo intervalo comparativo.
Problemas logísticos
Apesar dos resultados positivos, o presidente da Cecafé, Márcio Ferreira, lembra que a performance do setor poderia ter sido ainda melhor se não fossem os problemas logísticos nos portos, que atrasam os embarques.
“A realidade é um pouco mais cruel. Esse desempenho recorde ocorre devido ao profissionalismo e à criatividade dos exportadores associados ao Cecafé, que buscaram alternativas, como o embarque via break bulk, e vêm arcando com milionários gastos adicionais em seus processos de exportação devido à falta de infraestrutura, especialmente nos portos brasileiros, para honrarem os compromissos com os clientes internacionais dos cafés do Brasil”, afirma.
Segundo o Cecafé, em 2024, os muitos atrasos e alterações constantes de escala de navios para exportação, bem como as frequentes rolagens de cargas, fizeram com que o país acumulasse 1,717 milhão de sacas – 5.203 contêineres – do produto não embarcadas no acumulado do ano até outubro. O não embarque desse volume, considerando preço médio da saca e do dólar no período, aponta que o Brasil deixou de receber US$ 489,72 milhões, ou R$ 2,754 bilhões, como receita cambial.
Ferreira alerta que o cenário é mais agravante quando se analisam os custos adicionais que os exportadores de café do Brasil têm para conseguir honrar seus compromissos. “Por causa dos entraves logísticos nos portos brasileiros, nossos associados acumularam um ‘prejuízo portuário’ de R$ 7 milhões em outubro, que envolvem gastos extras com armazenagens adicionais, detentions, pré-stacking e antecipação de gates. No acumulado de 2024, esses valores já chegam a incomodantes e inacreditáveis R$ 30,4 milhões”, comenta.
Destinos
Os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar no ranking dos principais importadores dos cafés do Brasil no acumulado de 2024. Os norte-americanos importaram 7,419 milhões de sacas de janeiro a novembro, o que equivale a 16% de todas as exportações e significa crescimento de 35% na comparação com os 11 primeiros meses do ano passado.
A Alemanha, com 15,6% de representatividade, adquiriu 7,228 milhões de sacas (+63,4%) e ocupa o segundo lugar na tabela. Na sequência, vêm Bélgica, com a importação de 4,070 milhões de sacas (+108,1%); Itália, com 3,702 milhões de sacas (+28,8%); e Japão, com 2,053 milhões de sacas (-0,3%).
Quando se analisam as exportações de café verde realizadas pelo Brasil a outros países produtores, o México lidera o ranking com a aquisição de 1,116 milhão de sacas do produto, o que representa um aumento de 177,3% frente ao comprado de janeiro a novembro de 2023. O Vietnã, segundo maior produtor global, aparece na sequência, ampliando suas importações dos cafés verdes brasileiros para 638.733 sacas, com substancial elevação de 389,4% sobre o volume adquirido nos 11 primeiros meses do ano passado.
Destaca-se, ainda, o desempenho para a Índia, que ampliou em expressivos 1.412,3% suas compras dos cafés in natura do Brasil, para 248.619 sacas.
Tipos de café
O café arábica, com o envio de 33,973 milhões de sacas ao exterior entre janeiro e novembro, é a espécie mais exportada pelo Brasil em 2024. Esse volume é o maior da história para esse período de 11 meses, equivale a 73,2% do total e implica alta de 23,2% em relação ao mesmo intervalo no ano passado.
A espécie canéfora (conilon + robusta) vem na sequência e apresenta o maior avanço percentual nos embarques deste ano, ao registrar crescimento de 107,4 pontos na comparação com 2023. Foi remetido o recorde de 8,692 milhões de sacas ao exterior, o que gerou uma representatividade de 18,7% para essa espécie nas exportações totais.
O segmento do café solúvel, com 3,690 milhões de sacas – avanço de 12,1% e 8% do total –, e o produto torrado e torrado e moído, com 43.627 sacas (-6,4% e 0,1% de representatividade), completam a lista.