O preço da soja não favoreceu os vendedores ao longo de 2024 e o ano termina com queda de renda. A avaliação é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A queda na produção nacional da safra 2023/24, que poderia ser um fator de alta, foi compensada pelo aumento da oferta em um ritmo superior ao da demanda em nível global, o que pressionou as cotações internacionais.
Em nota, os pesquisadores do Cepea cederam especialmente nos meses de janeiro, fevereiro e agosto deste ano. Nos demais meses do ano, houve recuperação. Ainda assim, o valor médio calculado pela instituição em 2024 está abaixo do de 2023. Só em dezembro, a referência com base no Porto de Paranaguá (PR) acumula queda de 4,52% até a sexta-feira (27/12), quando ficou em R$ 139,06 a saca de 60 quilos.
“A situação só não foi pior porque houve aumento na demanda por óleo de soja, visando a produção de biodiesel. Os preços avançaram durante todo o ano de 2024 (a exceção foi dezembro), sendo influenciados pelos prêmios de exportação e pela firme demanda doméstica, sobretudo da indústria”, informa o Cepea.
Em março de 2024, a mistura de biodiesel no diesel derivado de petróleo passou de 12% para 14%. E o mandato estabelecido por lei prevê uma elevação de um ponto percentual por ano, o que tende a aumentar a demanda por óleo.
No outro derivado, o farelo de soja, o cenário foi um pouco mais “desafiador”, avaliam os pesquisadores do Cepea. O Brasil exportou um volume recorde do produto, mesmo com a retomada da produção da Argentina. Mas o mercado interno adotou uma postura mais cautelosa.
“Boa parte dos consumidores domésticos esteve cautelosa em 2024, devido às expectativas de maior excedente de farelo, uma vez que a firme demanda por óleo de soja elevou o esmagamento de grãos”, diz o Cepea, em nota.