Os economistas do Itaú Unibanco esperam que o Banco Central acelere a alta da taxa de juros para 1 ponto percentual na reunião do Copom desta quarta-feira. A Selic deverá subir para 12,25%, dos atuais 11,25%, em função de um ambiente de “crescente incerteza e aversão a risco”, segundo relatório do banco assinado por Mário Mesquita, economista-chefe da instituição.
Na análise sobre o que esperar da decisão do Comitê daqui dois dias, a equipe do Itaú elenca os fatores que levam à intensificação do ajuste nos juros. A piora nas expectativas de inflação, como corroborado pelo relatório Focus nesta segunda-feira, e a depreciação intensa do câmbio, descolada da maioria dos países emergentes, “requer uma postura mais vigorosa por parte da autoridade monetária”.
Por outro lado, o banco cita o crescimento econômico mais forte, acima das estimativas, e um mercado de trabalho ainda apertado, fatores de pressão sobre os preços. Diante desse cenário, as expectativas de inflação para o ano que vem e para o primeiro semestre de 2026 devem sofrer reajustes de alta no comunicado do Copom.
“As projeções de inflação do comitê no cenário de referência (que inclui taxa de câmbio seguindo a paridade do poder de compra e taxa de juros de acordo com a pesquisa Focus) devem subir: para 4,8% para 2024 (ante 4,6% na reunião de novembro), para 4,6% em 2025 (ante 3,9%), e, mais importante, para 4,1% (de 3,6%) no horizonte relevante (2 trimestre de 2026)”, alerta o relatório.
Além de contar com decisão mais forte agora, os economistas do Itaú consideram que o Copom precisa sinalizar que vai repetir a intensidade na próxima reunião em janeiro de 2025. O banco também indicou que vai mudar sua projeção de Selic em 13,5% ao final desse ciclo de ajustes da taxa básica.Play Video
“Para a próxima reunião, o Copom deve afirmar que antevê um ajuste de mesma magnitude e indicar que, diante da piora das projeções e do balanço de riscos, além da possibilidade de desancoragem
adicional das expectativas, a taxa de juros deverá se manter em patamar contracionista pelo tempo necessário, diante do firme compromisso do comitê no processo de convergência da inflação à meta”, diz o relatório.
A última vez que o Copom fez um movimento desta natureza foi em maio de 2022, quando os juros subiram para 12,75% ao ano. Naquele mês, o BC praticamente encerrava um ciclo de alta da Selic que contou com uma sequência de 12 elevações seguidas, entre março 2021 e agosto 2022, sendo que em quatro delas o comitê reajustou a taxa em 1 pp e, em três decisões, promoveu alta de 1,50pp.