Citado no relatório da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado no país, o juiz Sandro Nunes Vieira, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), deve prestar depoimento à corporação nos próximos dias.
Apesar de não ter sido indiciado neste primeiro momento, a avaliação de fontes que acompanham a investigação é de que ele ainda pode vir a ser, a depender dos esclarecimentos que forem prestados.
A suspeita da PF é de que Vieira tenha ajudado o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, no relatório produzido pelo Instituto Voto Legal (IVL) para questionar o sistema eleitoral brasileiro, após a derrota nas urnas em 2022.
Na época, o juiz federal atuava na Assessoria de Gestão da Identificação do gabinete da Secretaria-Geral da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Durante a eleição, chegou a trabalhar na área de combate à desinformação da Corte.
No relatório, Vieira é citado em um diálogo entre o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. A conversa tratava sobre o IVL e ocorreu em 16 de novembro de 2022.Play Video
Três dias depois, Câmara envia a Cid um arquivo com o título “nota juiz Sandro Vieira Nunes”. O magistrado ainda teria pedido para que seu nome não fosse citado em nenhum momento pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
O PL usou as argumentações do IVL para levantar suspeitas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas e pedir a anulação de parte dos votos computados, o que reverteria o resultado da eleição.
Segundo a PF, existe uma suspeita de que o juiz tenha atuado “de forma ilegal e clandestina ao assessorar o PL na representação eleitoral contra as urnas”. Ainda assim, o nome de Vieira ficou de fora da lista de indiciados.
O ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no Supremo, obteve parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR) à coleta de novos depoimentos. Nesta quinta-feira, por exemplo, a PF vai ouvir o “kid preto” Rodrigo Bezerra Azevedo.
Moraes também enviou ofício ao corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, para que ele avalie as providências administrativas que eventualmente sejam cabíveis contra o magistrado do TRF-4. A CNN tenta contato com a defesa de Vieira.