A atriz Vera Fischer, 72, convidada do oitavo episódio do documentário “O Leblon de Manoel Carlos”, exibido na última terça-feira (5), relembrou o convite para viver Helena na novela “Laços de Família” (2000), e a importância de ter sido escolhida para viver a clássica protagonista que marcou a carreira do autor.
Na trama, ela interpretava era uma mulher bem-sucedida, na faixa dos 40 anos, à frente de uma clínica de estética. Ainda no início da história, a empresária se apaixona por Edu (Reynaldo Gianecchini), um estudante de medicina de 25 anos. Com o passar dos capítulos, a esteticista, no entanto, abre mão do romance após sua filha, Camila (Carolina Dieckmann), também se apaixonar pelo jovem.
Fischer ficou sabendo do convite por meio de Ricardo Waddington que, na época, tomava conta da parte artística da TV Globo. “Eu havia saído de uma novela, ele entrou em contato comigo e falou: ‘Queremos que você faça uma novela do Manoel Carlos como Helena. Marcamos em um restaurante e lá conheci o Maneco pessoalmente”, disse.
“Fiquei tão feliz porque o Manoel falou que era umas das Helenas que ele mais tinha amor, mais encantamento. É uma história que passa por uma Helena heroica, trabalhadora, que sofre muito por um problema familiar, por amor, mas que também teve uma vida muito rica”, relembrou.Play Video
Segundo Vera, após ouvir a explicação proposta pelo autor, não pensou duas vezes em aceitar o trabalho. “Ela não se importava com preconceito de nada. É culta, viajada, livre, bonita. O que mais posso querer nesse personagem? Foi a grande glória da minha vida. Eu estava com 49 para 50 anos. Então, não era uma garotinha, era uma mulher feita”, acrescentou.
Na contramão de artistas que almejam determinados personagens, Fischer não aspirou nunca aspirou um papel, seja no teatro, na TV ou no cinema. “Gosto de ser convidada, de sentir o desafio, de topar fazer aquilo. Gosto que as coisas venham frescas até mim, que eu seja a primeira a ouvir aquilo. Gosto do elemento surpresa”, garantiu.
“Foi uma honra, um prazer fazer esse trabalho. Topei imediatamente e falei para o Maneco: ‘Quero que seja sua melhor Helena, e ele disse: ‘Todas as Helenas são maravilhosas’”, recordou.
Moradora do bairro localizado na zona sul carioca, a artista afirmou ter se sentido em casa durante as gravações.
“Foi perfeito para mim. Gravávamos de segunda a sábado. A Vera teve que viver em função da Helena, e, até hoje, eu vivo em função dessa Helena […] A nossa Helena também era uma feminista. Ela lutava contra o machismo. Quem quer, consegue ler, nas entrelinhas, que a mensagem não era uma só. Ele [Manoel Carlos] tinha muitas mensagens. E, hoje em dia, eu acho que o pessoal sente muita falta disso nas novelas. É muito preciso”.
“Novela é uma coisa viva e, em termos de novela, eu acho que é a novela para mim. Essa é a personagem da minha vida. Essa é uma história que nunca será esquecida pelo público”, concluiu.