O tenista espanhol Rafael Nadal anunciou sua aposentadoria na última quinta-feira (10), uma decisão que entrará em vigor após a final da Copa Davis, em novembro deste ano. O atleta de 38 anos teve seus últimos anos de carreira prejudicados por uma série de lesões e, além disso, sofre de uma condição chamada síndrome de Mueller-Weiss.
A síndrome é uma doença rara que afeta o pé, especialmente a região do navicular, um osso que se articula com a cabeça do talus — outro osso pequeno que conecta a tíbia e a fíbula aos ossos do pé. A doença é caracterizada pela forte dor na região e, muitas vezes, por deformidade no arco do pé.
“É uma síndrome séria, que pode levar em alterações na estrutura do nosso pé”, afirma Wander Ama, ortopedista e médico do esporte, à CNN. “As causas são diversas, como o sobrepeso, quando ocorre alteração na distribuição do peso, o que pode sobrecarregar a região navicular. Além disso, traumas, micro faturas, osteoporose, doenças metabólicas e também fatores genéticos podem estar associados”, completa.
Os sintomas da síndrome de Mueller-Weiss podem incluir dor no meio do pé, além de inchaços na mesma área, principalmente após atividades físicas muito longas. A doença também pode causar rigidez, dificuldade em mover os pés, sensibilidade e deformidade.
Esportes de alto impacto são fatores de risco
De acordo com Ama, esportes de impacto e alta intensidade podem aumentar o risco de desenvolver síndrome de Mueller-Weiss, além de poder piorar o quadro clínico.
“No caso do Nadal, podemos citar alguns outros fatores que podem ter contribuído para isso. Os impactos repetitivos e os movimentos exigidos durante o jogo causam estresse nas articulações dos pés. Também não podemos descartar uma possível predisposição para a síndrome”, comenta o ortopedista.
Outros fatores de risco que estão associados à síndrome incluem:
- Idade: é mais comum em pessoas entre 30 e 50 anos;
- Atividade física em excesso;
- Uso de calçados inadequados;
- Histórico de traumas na região;
- Alterações biomecânicas, como pés planos e pés cavitais, que aumentam a pressão na região medial do pé;
- Histórico familiar.
Como é feito o diagnóstico e o tratamento?
O diagnóstico da síndrome de Mueller-Weiss é feito a partir da avaliação de um médico especializado, como ortopedista ou médico do esporte, e exames de imagem.
“O médico vai avaliar o histórico do paciente, verificar possíveis traumas, rotina, solicitar um exame físico de mobilidade e sensibilidade e também um raio-x na região navicular para verificar qualquer fratura”, explica Ama.
A síndrome de Mueller-Weiss é tratada de acordo com a gravidade do quadro e dos sintomas. Geralmente, o tratamento inclui descanso, imobilização, fisioterapia e uso de medicamentos. Em casos mais graves, a intervenção cirúrgica pode ser necessária.
É possível prevenir a síndrome de Mueller-Weiss?
Sim. De acordo com Ama, a prevenção pode ser feita usando calçados adequados para a atividade física realizada, fortalecendo a região com exercícios específicos, realizando alongamentos e mobilidade, além de controlar o peso.
“Se você for atleta, por exemplo, é fundamental estar sempre se consultando com um especialista e fazer ajustes nas atividades físicas. Tudo isso pode contribuir para evitar e prevenir a síndrome”, orienta.