A compulsão alimentar é um dos transtornos alimentares mais comuns e tem como característica a ingestão exagerada e descontrolada de alimentos em um curto período de tempo, mesmo quando a pessoa não está fome. Esse comportamento acontece de maneira recorrente, vem sempre seguido de um sentimento de culpa e de perda de controle sobre o ato de comer, afetando a qualidade de vida do indivíduo.
Segundo especialistas, esse transtorno é resultado de uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
“O desequilíbrio emocional pode gerar compulsão alimentar, pois a relação com o alimento está ligada de forma direta com nossas emoções. A compulsão alimentar, compromete a saúde física, mental e psicossocial do indivíduo, assim podendo gerar comorbidades como a depressão e ansiedade”, explica a psicóloga Eduarda Alves.
Algumas das principais causas da compulsão alimentar são:
- Desequilíbrios emocionais: estresse, ansiedade e depressão são fatores que, muitas vezes, levam as pessoas a buscarem conforto na comida. A ingestão de grandes quantidades de alimentos pode gerar um alívio momentâneo desses sentimentos negativos, criando um ciclo vicioso;
- Dietas restritivas: fazer dietas muito restritivas podem levar a episódios de descontrole e compulsão;
- Pressão social: cobranças relacionadas à imagem, corpo e padrões de beleza podem aumentar o risco de comportamentos alimentares desordenados.
“O comportamento alimentar e ambiente quando deturpados possuem papel relevante para a compulsão alimentar. Ter a disponibilidade de alimentos ultraprocessados e hiper-palatáveis estimula o comer além da fome”, acrescenta o nutricionista Yuri Matsuoka.
Sintomas da compulsão alimentar
Para ser considerado uma compulsão alimentar é necessário que esses episódios de descontrole ao se alimentar ocorram diversas vezes na semana ou até mesmo diariamente, gerando um impacto significativo na saúde.
Entre os sintomas mais comuns da compulsão alimentar estão:
- Comer grandes quantidades de alimentos até a sensação de desconforto ou mal-estar;
- Não recusar nenhuma oportunidade de comer;
- Continuar comendo mesmo quando está satisfeito ou sem fome;
- Preferência por comer longe de outras pessoas ou escondido por vergonha;
- Sentir-se mal emocionalmente após o episódio de compulsão;
- Falta de controle sobre o que ou quanto está comendo;
- Comer sempre que está emocionalmente instável.
Identificar a compulsão alimentar o quanto antes é importante para evitar complicações como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, além de prevenir impactos na saúde mental, como baixa autoestima e agravamento de transtornos psicológicos.
O primeiro passo é buscar ajuda profissional para recuperar o controle sobre a alimentação e melhorar a qualidade de vida. O tratamento é multidisciplinar e envolve profissionais da saúde mental e nutrição.
“O profissional da psicologia, é um dos grandes aliados no tratamento da compulsão alimentar, realizando a psicoterapia e ajudando o paciente a desenvolver habilidades de regulação emocional para perceber quando a fome é uma necessidade fisiológica ou é apenas uma tentativa de aliviar um desconforto emocional”, acrescenta a psicóloga.
Algumas abordagens incluem:
- Educação nutricional: o nutricionista pode orientar o paciente sobre escolhas alimentares equilibradas, evitando dietas restritivas;
- Estruturação das refeições: criar uma rotina alimentar com refeições e lanches planejados, evitando longos períodos de jejum;
- Alimentação consciente: essa abordagem foca em comer de forma atenta, percebendo sinais de fome e saciedade, além de trabalhar aspectos emocionais envolvidos no ato de comer;
- Terapia comportamental: busca identificar e lidar com os gatilhos emocionais associados à alimentação;
- Suplementação: em alguns casos, a suplementação com nutrientes como triptofano, ômega-3 ou probióticos pode ser avaliada como parte de uma estratégia integrativa.