As Zonas do Baixo Meretrício eram regiões onde ocorriam atividades de prostituição, composta por casas de cômodos, bares e cabarés muito comuns especialmente nas cidades interioranas onde esses ambientes eram quase a única alternativa para os homens se “divertirem”.
Em Miracema, então do Norte de Goiás era o Fôia (assim que se escrevia e pronunciava), espaço caracterizado pela alta frequência e rotatividade, que além das mulheres abrigava mesas de sinuca, baralho, dominó e até a famosa “porrinha” marcava presença ( jogo em que se usam pedaços de palitos quebrados algo pequeno que possa ficar facilmente escondido dentro da mão); tudo isso regado a muitas bebidas e músicas de fossa, uma modalidade de samba-canção mais urbano, poroso ao bolero, balizado pela abordagem das dores de amor e de cotovelo.
Como a cidade era muito pequena o barulho do som e as brigas que ocorriam frequentemente eram ouvidas pelos moradores próximos que incomodados sempre davam um jeitinho de denunciar ao Delegado que na maioria das vezes fazia vista grossa.
CAROLINA
Carolina, localizada ao Sul do Maranhão às margens do caudaloso Rio Tocantins cidade de muito movimento à época, trânsito fluvial intenso através das barcaças que transportavam pessoas e mercadorias vindas de Belém e outros municípios abastecendo os ribeirinhos maranhenses e até os goianos do norte, entre os quais, os de Pedro Afonso e Miracema.
Como o dinheiro era mais farto a qualidade do Baixo Meretrício era melhor do que nas cidades próximas destacando-se as acomodações mais sofisticadas onde o som das radiolas e o vai vem das mulheres se misturavam com a luz negra do ambiente.
Situada estrategicamente próxima ao Rio, a ZBM carolinense tinha como principal atração a “Casa Verde” tida pelos frequentadores como a melhor delas.
NAQUELA ÉPOCA…
Homens solteiros e casados eram assíduos frequentadores, muitos dos quais as esposas tinham conhecimento, entretanto, faziam que não sabiam para evitarem uma separação, algo complicado para as mulheres dos anos 60.
O fato pitoresco aconteceu envolvendo pai e filho que simpatizaram pela mesma mulher que resolveu optar por atender o filho com bastante frequência tornando-se quase exclusividade do mesmo.
Raimundo, o filho, e Antônio, o pai, sem saberem de nada “disputavam” a mesma mulher…
ATÉ QUE UM BELO DIA…
Antônio resolveu desabafar com a proprietária do cabaré dizendo que há muito tempo vinha tentando se relacionar com a dita cuja e sempre obtinha como resposta um não, fato que não conseguia entender o motivo.
A madame experiente no traquejo em situações desse tipo disse:
- Seu Antônio ela tem recusado o senhor porque é rapariga do seu filho, portanto, não se sente bem em se relacionar com os dois!
O homem pensou um pouco e mandou a seguinte resposta:
- Diga a ela que não tem problema porque se eu “como” a mãe do Raimundo porque não posso “comer” a rapariga dele?”.
Esse caso vazou e durante muito tempo foi motivo de conversas e boas risadas nas rodadas de botequins na “Princesinha do Maranhão”.