No Setor Deus é Fiel, localizado há pouco mais de 3 quilômetros do centro de Araguaína, a exclusão e o abandono fazem parte da realidade de 502 famílias que vivem no local há 10 anos. A ausência de infraestrutura básica, como acesso à água potável, energia elétrica e moradia digna se arrasta há anos e tem gerado muita revolta entre os moradores, que dizem se sentir completamente abandonados pelo poder público municipal.
As ruas são de terra, areia e os buracos estão espalhados por todos os lados, poeira, no período da estiagem, e muita lama, na chuva, além da ausência de creches, posto de saúde, transporte público, reclamam os moradores.
Os fios de energia elétrica desencapados estão expostos pelas ruas, e o risco de choque é real e frequente. A moradora Luana da Silva Hora, dona de casa, conhece bem essa situação. “Ontem mesmo meu filho tomou choque, aqui é assim, perigo o tempo todo. Basta, não aguentamos mais”, desabafa.
Desconfiança e descrença nos políticos
A revolta e a descrença na mudança são sentimentos generalizados entre os moradores. Eles afirmam que muitas promessas foram feitas, mas as melhorias nunca chegaram.
A dona de casa Josilene Lopes acredita que a oportunidade de mudança é com o voto. “Chega de promessa, aqui aparece muito, eles mentem na cara lavada, promete coisa que não pode cumprir, porque quer se reeleger e não faz nada pela comunidade carente. Qual interesse público eles têm que não olham para os pequenos e só pros grandes? Nosso voto vale muito e se votar na pessoa certa, correta, a coisa vai acontecer, não temos nada aqui”.
Os habitantes afirmam que não querem mais ouvir promessas vazias, e sim ver ações concretas que possam mudar a realidade em que vivem. Eles reivindicam a presença do poder público, com projetos de infraestrutura que garantam acesso a água tratada, energia elétrica e condições dignas de habitação.
O morador Paulo Honorato, operador de máquina, disse estar cansado de mentiras. “Chega de político que mente, a atual administração que tá aí, não fez nada por nós, a situação é crítica, aqui é calamidade pública, as condições são precárias, aqui criança toma choque, falta água, e tudo isso por causa da administração que tá hoje na Prefeitura”.
Habitação precária e saneamento básico
Algumas casas construídas no setor são de alvenaria, mas muitas são feitas de forma improvisada, com madeira e lona e até papelão e não oferecem proteção contra as chuvas e o calor intenso da região, deixando as famílias vulneráveis. Durante o período chuvoso, o risco de alagamentos é constante, já que o setor não possui um sistema de drenagem adequado.
O aposentado Nelson Saraiva, 66 anos, desabafa sobre a situação que enfrenta no local. “Direito de moradia todo mundo tem, barraco a gente até tem, mas dignidade não. É desrespeito e chega de político que mente, diz que faz e não faz. A gente não ‘tá’ morando no Iraque, a gente mora em Araguaína e merece mais, tem que mudar e mudar para melhor, não estamos pedindo nada de graça”.