Começo da década de setenta na minha Carolina, a eterna Princesa do Sertão Maranhense.
O cenário era a região do Imperial Hotel de propriedade da minha vó Isaca Leal, Mercado Municipal e Boate Itapuã Drinks tendo ao fundo o Rio Tocantins com seus barcos que nós conhecíamos como “penta” (embarcações pequenas e acanhadas que serviam basicamente para travessia de pessoas de uma margem a outra), e “motor” (as maiores que transportavam mercadorias e passageiros em viagens consideradas longas). Eram os transatlânticos daqueles tempos!
POIS BEM…
Naquela beira de rio muitos meninos brincavam de bola, faroeste, andorinha, peteca(bola de gude), papagaio (pipa) e tantas outras independentemente do horário ou dia.
CONTUDO…
À noite existia um lugar que evitávamos até mesmo passar correndo; era uma rua bem escura atrás do Mercadão onde havia uma pequena loja de artigos religiosos de umbanda.
Sempre exalando aquele cheiro de incenso, o local continha pedras, vestimentas, imagens de todos os tipos, cores e tamanhos, estátuas, enfim, um ambiente tenebroso para nossa idade que metia medo na garotada daquela época.
ATÉ PORQUE…
O proprietário era uma figura meio estranha com fama de bruxo cuja especialidade era realizar “trabalhos “ para uma clientela específica, além de mágico que fazia as pessoas dormirem e só acordarem quando ele queria.
Baixo, carequinha, sempre usando camisas coloridas estilo as do saudoso apresentador Bolinha, pulseiras e colares que pareciam ser ouro, invariavelmente estava de calças, sapatos brancos e com fisionomia de homem mau.
Em um dos cantos do Mercado havia um barzinho onde todas as tardes muitos carolinenses se reuniam para tomarem a tradicional caipirinha, especialidade da casa, ou uma cerveja estupidamente gelada ao som de boa música.
Mesas animadas, boa conversa, o Mini Bar era frequentado por pessoas ilustres e/ou não de Carolina.
AQUI ENTRA NOSSO PERSONAGEM…
Que na contramão de tudo e de todos sentava em uma mesa sozinho repetindo o pedido de sempre:
Uma cerveja quente, por favor!
Daquelas que o garçom ao abrir saía fumaça pela boca da garrafa.
O FATO…
Chamava a atenção de todos, pois, como alguém poderia em um calor insuportável daquele típico do sul maranhense tomar cerveja direto da caixa?
Apesar da curiosidade ninguém ousava perguntar ao professor o motivo da preferência tão estranha, afinal, o medo falava mais alto.
ATÈ QUE…
Um belo dia alguém já com uma ou duas na cara resolveu fazer a pergunta óbvia:
Professor, porque o senhor nesse calor tão grande só toma cerveja quente?
Ele calmamente respondeu:
Na mesa em que você está observo de vez em quando alguém aproximar e pedir para colocar um pouco de cerveja em um copo qualquer; é por isso meu amigo, não tem coisa pior no mundo do que cerveja quente, mas, a coisa melhor do mundo é saber que vou beber a minha sozinho sem nenhum filho da puta vir encher meu saco pedindo um pouquinho.
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