Cerca de 100 pessoas participaram nos dois dias do I Seminário de Arquivos Históricos Documentais do Tocantins. Promovido pelo Governo do Estado, via Secretaria da Cultura (Secult), com apoio do Arquivo Nacional, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-TO) e do Ministério Público (MP-TO), o encerramento do evento foi realizado na manhã desta quinta-feira, 8, em Palmas. A programação contou com palestra sobre “Memória, Patrimônio e Identidade” e reunião técnica sobre a estruturação da rede de arquivos no Estado. Na ocasião, o superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura Antônio Miranda (Secult) anunciou o Edital FEC Arquivos 2024, com recursos oriundos do Fundo Estadual de Cultura, a ser lançado ainda neste mês de agosto e que fornecerá um montante R$80.000,00 para 11 projetos, totalizando R$880.000,00 em investimentos.
“Este é o primeiro edital nessa modalidade no Tocantins. Será uma oportunidade para que Gestores de Arquivos possam desenvolver ações de manutenção desses arquivos bem como, recuperação de acervos. Esse certame trará elementos que contribuirão para a implementação de políticas de preservação do patrimônio cultural documental tocantinense”, disse Miranda.
Durante a cerimônia, o coordenador do Núcleo de Editais da Secult, Tales Monteiro, explicou que o objetivo é garantir ações de preservação e difusão. “Os recursos devem contemplar atividades de preservação, instalação, modernização ou manutenção de arquivos em todas as regiões geográficas do estado, permitindo que os diversos acervos existentes no Tocantins sejam protegidos e compartilhados com a população, estimulando o direito à memória, o acesso à informação e à garantia da cidadania cultural”, afirmou. Os arquivos e acervos inscritos e contemplados no certame passarão a compor a Rede Estadual de Arquivos.
Programação de encerramento
A apresentação da Orquestra Sanfônica Amor Perfeito alegrou o início da manhã de troca de conhecimentos, que deu continuidade a programação realizada no dia anterior, que contou com palestra, oficina e mesa-redonda, atividades conduzidas por especialistas do setor. Estiveram presentes representantes dos municípios de Pium, Natividade, Dianópolis, Arraias, Porto Nacional, Araguaína, entre outros.
A professora da Universidade Federal do Tocantins, Dra. Kátia Maia Flores, ministrou a palestra “Memória, Patrimônio e Identidade” e discorreu sobre como a memória deixa referências a respeito do passado. Para a pesquisadora, a documentação histórica não interessa apenas ao historiador, ela é um direito de todos, um patrimônio inalienável do ser humano que confere identidade, gera conhecimentos e afetividades. “A memória é diferente de recordar. É um processo muito mais direcionado do que um simples lembrar. Então a memória, mesmo quando você está sozinho, é coletiva, é da sua relação com o outro, e é a memória que deixará as referências sobre o passado”, refletiu.
Após a palestra, o seminário teve continuidade com a reunião técnica sobre a estruturação da rede de arquivos históricos documentais do Tocantins, que contou com a participação do professor MSc. Wátila Misla Fernandes Bonfim e a mediação do diretor de Gestão de Documentos do Arquivo Nacional, Jean Marcel Caum Camoleze.
Na ocasião, o professor ressaltou a importância do evento, que reúne iniciativas arquivísticas, pesquisadores, historiadores e a comunidade em geral. “Assim surgem várias ideias de rede de cooperação, de sociabilidade, de trocas e ajuda mútua entre pesquisadores, bem como o edital que vai fomentar a produção, a preservação, a conservação de documentos, de arquivos, que é onde está a nossa memória”, pontuou.
O morador do município de Pium e representante do Coletivo Jovem Estrela, que tem como objetivo a manutenção e preservação da cultura local, Raimundo Carvalho, participou do seminário buscando ampliar seus conhecimentos sobre o tema. “Esperamos que cada vez mais sejam feitas iniciativas como essas, não somente de intercâmbio entre as comunidades, mas também de formação específica através de cursos de aprimoramento e aperfeiçoamento. Temos a preocupação de registrar em caráter de urgência as memórias do nosso povo que estão se perdendo com o tempo”, comentou.