A produção de soja no Brasil é mais cara do que a de dois de seus principais concorrentes, Argentina e Estados Unidos, já que os brasileiros gastam mais com insumos. No Brasil, os produtores desembolsam, em média, US$ 782 por hectare para cultivar o grão, os americanos, US$ 665, e os argentinos, US$ 351 por hectare, segundo cálculos do Itaú BBA, que considerou uma taxa de câmbio média de R$ 5,15 para a safra 2024/25.
O banco usou como referência os custos de produção de uma propriedade típica de Mato Grosso, com base nos dados do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), para calcular o custo no Brasil. O Itaú BBA também usou os dados de produção no Estado de Illinois, apurados pela Universidade de Illinois, para calcular os custos nos EUA, e os dados da região central da Zona Núcleo, do veículo “Márgenes Agropecuarios”, para fazer as contas sobre os custos na Argentina.
Segundo o banco, a soja da Argentina é mais competitiva que a do Brasil porque fertilidade do solo argentino é maior e o país sofre menos com pragas e doenças. A despesa total com insumos (fertilizantes, sementes e defensivos) para produzir soja na Argentina é quatro vezes menor que no Brasil.
O levantamento mostra que, no Brasil, as sementes custam em média US$ 129 por hectare, e os fertilizantes, US$ 335. Os defensivos custam US$ 235 por hectare, a mecanização, US$ 36, e a mão de obra US$ 44 por hectare, em média.
Se considerada a produtividade da soja nas lavouras de cada país, a competitividade brasileira melhora, já que o rendimento no país é melhor. Ainda assim, o Brasil segue com o maior custo. O custo médio da produção no Brasil por saca de soja é de US$ 13,2, se considerada uma produtividade de 60 sacas por hectare no país.
Na Argentina, o custo médio é de US$ 7 por saca, ainda que se considere uma produtividade menor, de 50 sacas por hectare. Nos EUA, o custo médio é de US$ 11,4 por saca, com uma produtividade na safra 2024/25 também inferior à brasileira, estimada em 58 sacas por hectare.
“Apenas na safra 2022/23 o custo por saca da Argentina foi maior que no Brasil e nos EUA, por causa da quebra da safra decorrente dos efeitos negativos da La Niña, que reduziu em quase 40% a produtividade da soja”, diz o Itaú BBA no relatório.
Com os custos operacionais para a safra 2024/25 convertidos em dólar por bushel, o banco também fez uma análise teórica sobre a margem operacional dos produtores. Levando em consideração o fechamento dos preços futuros da soja da bolsa de Chicago no dia 3 de junho e os contratos referentes ao período de colheita da safra de cada país, o banco calculou que a margem dos produtores brasileiros de soja ficaria em US$ 5,84 por bushel. Já a margem dos americanos seria maior, de US$ 6,47 por bushel, e a dos argentinos, US$ 8,68 por bushel.
O Itaú BBA leva em consideração para a margem dos produtores dos EUA o contrato de referência com vencimento em novembro de 2024; para os produtores do Brasil, o contrato de março de 2025; e para os produtores da Argentina, o de maio de 2025. No dia 3, esses papéis fecharam, respectivamente, a US$ 11,64, US$ 11,80 e US$ 11,84 o bushel.
Segundo o banco, o que afeta o custo de produção dos EUA é o arrendamento, muito mais caro lá que nos seus concorrentes. “Devido à necessidade substancialmente maior de correção do solo e de manejo de pragas devido ao clima tropical, gasta-se mais por hectare para produzir soja no Brasil. Todavia, EUA e Argentina não dispõem da possibilidade de mais de uma safra por ano, o que faz diferença no ciclo de um ano de receitas da propriedade”, avalia o banco.
O Itaú BBA ressaltou, porém, que infraestrutura e logística “ruins” encarecem a soja nos portos no Brasil. Na Argentina, diz o banco, políticas como as “retenciones” afetam a competitividade.
O Brasil é maior produtor de soja, com 148 milhões de toneladas em 2023/24. Os EUA colheram 113,3 milhões de toneladas na mesma safra, e a Argentina, 50 milhões de toneladas em 2023/24.
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