Os alojamentos temporários criados no estado do Rio Grande do Sul para as pessoas desabrigadas pelo efeito das enchentes são espaços propícios ao surgimento de surtos de doenças infecciosas, segundo Rosana Richtmann, do Instituto Emilio Ribas, e diretora do Comitê de Imunizações da Sociedade Brasileira de Infectologia.
“Fica todo mundo mal alojado, num local extremamente pequeno, então a gente já está vendo surto de escabiose, que é sarna, e pediculose, que é piolho. Coisas que tem a ver com outro problema que é você aglomerar muita gente num local”, disse.
A médica ainda destacou que o período de frio também leva ao aparecimento de doenças respiratórias como gripe e a Covid-19. Doenças com maior período de incubação no organismo humano também estão entre os principais riscos, disse, como nos casos de leptospirose, hepatite A, tétano e febre tifoide.
O programa Sinais Vitais desta semana vai abordar os riscos de proliferação de doenças infecciosas no RS, que aumentam a cada dia.
Além de Richtmann, o ex-secretário de Saúde do estado de São Paulo David Uip também participa do programa.
Os médicos explicam que os problemas de saúde do RS podem ser divididos em três fases:
- Relação com água contaminada: doenças diarreicas e gastroenterites;
- Relação com aglomerações em abrigos; e a
- Dengue.
“Nós esperamos que tenha menos casos de dengue por conta da temperatura, mas, por outro lado, tem o veranico”, diz Uip, referindo-se ao fenômeno meteorológico de calor intenso dentro do inverno que ocorre no Sul do Brasil. “É verão e água parada. Então nós temos que nos preparar para atender dengue”.
Uip e Richtmann também destacam a importância das autoridades de saúde fazerem a profilaxia de raiva na população e nos animais.
A situação preocupa, principalmente, devido ao baixo nível de adesão à cobertura vacinal no Rio Grande do Sul. “Nós não deveríamos estar falando de tétano [por exemplo], é uma doença prevenível, da tríplice viral”, explica Uip.
Segundo ele, muitas das doenças que aparecem atualmente no estado devido à tragédia das chuvas podem ser prevenidas por vacinas que estão disponíveis pelo SUS, o que, em um momento como esse, ajudaria a reduzir o número de doentes e minimizar o impacto no sistema de saúde, que está extremamente prejudicado.
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