O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, foi de 0,25% em dezembro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com a alta registrada em dezembro, o IPCA-15 fecha o ano com inflação acumulada de 4,41%, ainda dentro do intervalo da meta definida pelo Banco Central. No mesmo mês de 2024, o índice havia subido 0,34%.
O resultado vem 0,05 ponto percentual (p.p.) acima do registrado em novembro, quando o índice avançou 0,20%. Além disso, a variação ficou levemente abaixo das projeções do mercado, que apontavam avanço de 0,27% no mês e inflação de 4,43% no acumulado de 12 meses.
Dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA-15, sete registraram aumento de preços em dezembro. O maior avanço e também o maior impacto sobre o índice vieram do grupo Transportes, que subiu 0,69% no mês e respondeu por 0,14 ponto percentual do resultado total.
Em sentido oposto, o grupo Artigos de Residência apresentou queda de 0,64%, retirando 0,02 ponto percentual do índice, e acumulou a quarta redução consecutiva nos preços médios.
Entre os demais grupos, as variações foram mais moderadas: Saúde e Cuidados Pessoais teve leve recuo de 0,01%, enquanto Vestuário registrou alta de 0,69%, a maior depois de Transportes.
Veja abaixo a variação dos grupos em dezembro:
- Alimentação e bebidas: 0,13%
- Habitação: 0,17%
- Artigos de residência: -0,64%
- Vestuário: 0,69%
- Transportes: 0,69%
- Saúde e cuidados pessoais: -0,01%
- Despesas pessoais: 0,46%
- Educação: 0,00%
- Comunicação: 0,01%
O que influenciou a prévia da inflação em dezembro?
No grupo Transportes, o principal impacto individual sobre o índice veio das passagens aéreas. Os preços subiram 12,71% no mês, o que respondeu por 0,09 ponto percentual do resultado total da inflação — ou seja, quase dois terços da contribuição do grupo.
O transporte por aplicativo também pesou no índice, com aumento de 9,00% e impacto de 0,02 ponto percentual.
Os combustíveis, por sua vez, tiveram alta média de 0,26%, após terem recuado 0,46% em novembro. Dentro do grupo, o etanol subiu 1,70% e a gasolina avançou 0,11%. Em sentido contrário, o gás veicular apresentou queda de 0,26% e o óleo diesel recuou 0,38%, o que ajudou a conter uma alta ainda maior no grupo de Transportes.
Ainda no grupo Transportes, os preços do transporte público urbano registraram queda, influenciados por medidas pontuais adotadas em algumas capitais. Entre os principais destaques:
- 🚌 Ônibus urbano: recuo de 0,69%, refletindo a gratuidade aos domingos e feriados em Belém (-5,93%) e Brasília (-7,43%), além da redução tarifária em Curitiba (-3,41%).
- 🚇 Metrô: queda de 0,62%, puxada principalmente por Brasília (-7,43%); em São Paulo, a redução foi de 0,20%.
- 🚆Trem: baixa de 0,11%.
- 🔁 Integração do transporte público: recuo de 0,16%, em razão da liberação do pagamento da passagem nos dias de aplicação das provas do Enem, em 9 e 16 de novembro.
No grupo Vestuário, os preços subiram 0,69% em dezembro, com aumentos espalhados por diferentes tipos de roupas. As maiores altas foram observadas nas roupas infantis, que ficaram 1,05% mais caras, seguidas pelas roupas femininas (0,98%) e masculinas (0,70%).
Já o grupo Despesas pessoais apresentou desaceleração da inflação no fim do ano. Após subir 0,85% em novembro, o avanço foi menor em dezembro, de 0,46%. Dentro desse grupo, a hospedagem teve queda de 1,18%, revertendo a forte alta de 4,18% registrada no mês anterior.
Em sentido oposto, alguns serviços continuaram pressionando os preços, como cabeleireiro e barbeiro (1,25%), empregado doméstico (0,48%) e pacotes turísticos (2,47%), contribuindo para manter o grupo em alta.
Avanço modesto em outros grupos
O grupo Habitação registrou alta de 0,17% em dezembro. Esse resultado foi influenciado principalmente pelo aluguel residencial, que subiu 0,33%, e pela taxa de água e esgoto, com aumento de 0,66% — refletindo reajustes tarifários adotados em algumas capitais, que pressionaram os preços no mês.
Ainda dentro de Habitação, a energia elétrica residencial apresentou queda de 0,22% em dezembro. Um dos fatores por trás desse recuo foi a mudança no sistema de bandeiras tarifárias, que define cobranças extras na conta de luz conforme as condições de geração de energia.
- 🔴 Em novembro, vigorava a bandeira vermelha patamar 1, que acrescentava R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
- 🟡 Já em dezembro, passou a valer a bandeira amarela, com um adicional menor, de R$ 1,885 para o mesmo nível de consumo.
O grupo Alimentação e bebidas, que tem o maior peso no índice de inflação, registrou alta de 0,13% em dezembro. Dentro desse grupo, a alimentação no domicílio — ou seja, os alimentos comprados para consumo em casa — caiu 0,08%, marcando a sétima queda consecutiva na média de preços.
Alimentos que ficaram mais baratos em dezembro:
- 🍅 Tomate: queda de 14,53%
- 🥛 Leite longa vida: recuo de 5,37%
- 🍚 Arroz: baixa de 2,37%
Alimentos que ficaram mais caros no mês:
- 🥩 Carnes: alta de 1,54%
- 🍎 Frutas: aumento de 1,46%
Já a alimentação fora do domicílio, que inclui gastos em bares, restaurantes e lanchonetes, apresentou alta de 0,65% em dezembro. O avanço foi influenciado principalmente pelo aumento nos preços do lanche (0,99%) e da refeição (0,62%), refletindo custos maiores nesse tipo de serviço.
O grupo Artigos de residência registrou queda de 0,64%, resultado da redução de preços em itens como eletrodomésticos e equipamentos (-1,41%) e produtos de TV, som e informática (-0,93%), que ajudaram a aliviar a inflação no mês.







