“Esse dispositivo vai garantir uma qualidade de vida melhor e, além disso, vou poder botar ele no parapódio dele, ou seja, o Francisco vai ficar em pé. Com certeza a órtese é uma vitória, um avanço na vida do meu filho”, comemora Flávio Garrido, pai do Francisco Martins Campeão Garrido, de 09 anos, que nasceu com atrofia muscular espinhal, e é um dos pacientes beneficiados pela retomada das medidas das órteses no Centro Especializado em Reabilitação (CER III) em Palmas. O serviço, suspenso desde 2019, retornou na terça-feira, 09, e integra as políticas da Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) voltadas à reabilitação e à promoção da autonomia das pessoas com deficiência.
As órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção são feitos sob medida e oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é facilitar o acesso, dar mais autonomia e melhorar a qualidade de vida da grande parcela da população que não têm condições para adquirir equipamentos com recursos próprios.
Atuando há 13 anos no SUS, a gerente de Gestão do CER III de Palmas, Raidênia Oliveira, comemora a retomada do serviço ofertado à população. “É emocionante e, ao mesmo tempo, muito gratificante ver o retorno das medidas e a entrega das órteses para pacientes que esperaram por até seis anos. Olha o tempo de espera dessas pessoas. Eu me emociono porque muitas delas são famílias carentes, que não têm condições de pagar por uma órtese, e a gente sabe o quanto é caro. Se precisassem comprar, tirariam do sustento da própria casa. Um momento como o de hoje é o verdadeiro pagamento de quem trabalha no SUS. É isso que dá sentido ao nosso trabalho. Não existe dinheiro no mundo que pague ver o sorriso de um paciente quando finalmente recebe aquilo que tanto precisava”.
O avanço no SUS se deu logo após o Estado zerar a fila de espera por próteses, em agosto de 2025. “As políticas de fortalecimento da rede de cuidado da pessoa com deficiência são prioridades do governador Wanderlei Barbosa e, desde 2022 temos avançado nesta pauta, com retomada de entregas de cadeiras de rodas, bolsas de colostomia, aparelhos auditivos, próteses e agora, com as órteses. Esta é uma ação de suma importância para a reabilitação de crianças em fase de crescimento. Hoje está sendo um marco para o Governo do Estado”, afirmou o secretário-executivo da SES-TO, Luciano Lima.
Na terça-feira, 09, foram convocados 37 pacientes de Palmas, dos 200 que serão beneficiados com o dispositivo segue ampliando o acesso a órteses e próteses por meio dos CERs. “A retomada das medidas de órteses representa mais do que a continuidade de um serviço, é o compromisso com a autonomia, a funcionalidade e a qualidade de vida das pessoas que dependem desse cuidado especializado. As órteses desempenham um papel fundamental na reabilitação, possibilitando que crianças, jovens, adultos e idosos tenham melhores condições de mobilidade e participação social. Quando asseguramos esse atendimento, estamos ampliando oportunidades e promovendo inclusão”, destacou a superintendente da Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência (RCPDC/SES-TO), Débora Okabayashi.
Etapas
Nesta etapa inicial, estão sendo realizadas as medidas de cada paciente, para garantir que todas as informações necessárias sejam coletadas com precisão. “Após esse primeiro momento, o usuário retorna para a fase de prova, quando avaliamos se a órtese está adequada ao corpo e às necessidades funcionais de cada pessoa. Se estiver tudo correto, seguimos para a entrega. Caso seja identificada alguma necessidade de ajuste, o material retorna à empresa para as adaptações necessárias, e então o paciente passa por um novo período, que é o da entrega final”, explicou o técnico ortopédico em prótese e órtese, Gilvânio Freire.
Órteses personalizadas
Para incentivar o uso, os equipamentos podem ser customizados, com cores preferidas pelas crianças ou temas como princesa e super-herói. “Os Vingadores” foi o tema escolhido pelo Francisco, enquanto o Alexandro Barbosa, de 8 anos, também beneficiado pela órtese, escolheu o time do coração como tema: o Flamengo.
“Personalizar as órteses para torná-las mais interessantes para as crianças é um trabalho muito bonito. Antigamente isso não era possível, mas hoje, com materiais mais leves e tecnológicos, conseguimos fazer essa personalização para ajudar os pequenos a ‘quebrarem o gelo’ com o uso da órtese. A ideia é que eles não enxerguem o dispositivo como algo ruim, mas sim como um aliado, algo positivo, que faz parte do cuidado e contribui para que se sintam mais confiantes e confortáveis no seu processo de reabilitação”, acrescentou o técnico.
Emocionado, o pedreiro Josimar Tavares Medeiros, pai de Alexandro, compartilhou o que este dia representa. “Ver meu filho receber essa órtese significa muito para nós. É como abrir uma porta nova para o futuro dele. É esperança, é oportunidade. Sou muito grato a toda a equipe por esse momento.”





