A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) vai avaliar, a partir das 15h desta sexta-feira (5/12), a decisão que determinou a prisão do presidente da Casa, o deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil).
Bacellar foi preso preventivamente na última quarta-feira (3/12), pela Polícia Federal (PF), sob suspeita de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, que tinha como alvo a cúpula do Comando Vermelho (CV) e resultou na prisão do deputado estadual TH Joias.
A sessão extraordinária foi marcada pelo presidente em exercício, Guilherme Delaroli (PL). Os sete deputados que compõem a CCJ devem elaborar e votar um Projeto de Resolução, onde indicarão se Bacellar deve permanecer preso e afastado do mandato.
O parecer será a posição formal da CCJ, que será colocado em votação no plenário da Alerj na próxima segunda-feira (8/12). São os 69 deputados estaduais que decidem se mantém a prisão preventiva do presidente da Alerj.
Bacellar foi preso no âmbito da Operação Unha e Carne da PF, com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na mesma decisão, o magistrado determinou o afastamento de Bacellar da Alerj.
“Os fatos narrados pela PF são gravíssimos, indicando que Rodrigo Bacellar estaria atuando ativamente pela obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo estadual, capazes de potencializar o risco de continuidade delitiva e de interferência indevida nas investigações da organização criminosa”, afirmou Moraes.
Em 2019, o STF decidiu que deputados estaduais têm as mesmas imunidades previstas para parlamentares federais na Constituição Federal. Com isso, as assembleias legislativas podem anular as prisões decretadas pela Justiça.
Aliados de Bacellar afirmaram à coluna do Igor Gadelha, no Metrópoles, que a Alerj deve soltar o presidente da Casa. “Ele tem todo mundo na mão”, disse uma liderança do PL.
Operação Zargun
Bacellar foi preso preventivamente sob suspeita de ter vazado informações da Operação Zargun. Deflagrada em 3 de setembro, a operação desarticulou um esquema de tráfico internacional de armas e drogas, corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro, apontado como diretamente ligado às lideranças do CV no Complexo do Alemão, conforme publicou o Metrópoles, na coluna de Mirelle Pinheiro.
Foram cumpridos 18 mandados de prisão e 22 de busca, além do sequestro de R$ 40 milhões em bens. A operação teve como alvo um delegado da PF, policiais militares, um ex-secretário estadual e o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, apontado como articulador político da facção dentro da Alerj.
Compra de fuzis
Segundo as investigações, TH Joias atuava para favorecer o CV, intermediando a compra de fuzis, drogas e equipamentos antidrones. Ele também indicou a esposa de um traficante para um cargo parlamentar.
Veja outros investigados:
- Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, tesoureiro do CV, responsável por movimentar R$ 120 milhões em cinco anos;
- Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, liderança da facção;
- Alessandro Pitombeira Carracena, ex-subsecretário estadual, suspeito de interferir em ações policiais a pedido de criminosos;
- Policiais militares e um delegado federal investigados por fornecer proteção e informações privilegiadas ao grupo.







