Pesquisadores das universidades de Cambridge e Glasgow, no Reino Unido, revelaram um mecanismo que ajuda a explicar por que algumas cepas de gripe aviária podem causar quadros mais graves em humanos.
O estudo publicado na última quinta-feira (27/11) na revista Science mostrou que os vírus conseguem continuar se replicando mesmo quando o corpo entra em estado de febre — uma das primeiras e mais importantes formas de defesa contra infecções.
Normalmente, o aumento da temperatura corporal desacelera ou até impede a multiplicação dos vírus da gripe humana, formando infecções potencialmente graves em quadros leves. Porém, nos experimentos realizados com camundongos, os cientistas observaram que isso não acontece com vírus aviários que carregam um gene específico, o PB1.
Mesmo com febre, os animais continuaram doentes e apresentaram progressão rápida da infecção, indicando que a elevação da temperatura não surte efeito contra essa linhagem.
Entenda o que é a gripe aviária
- Também conhecida como influenza aviária, é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente aves silvestres e domésticas, mas também pode acometer humanos com baixo risco. Por enquanto, não há transmissão entre humanos.
- Entre os principais sintomas apresentados nas aves estão dificuldade respiratória, secreção nasal ou ocular, espirros, incoordenação motora, torcicolo, diarreia e alta mortalidade.
- Todas as suspeitas de gripe aviária, que incluem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves, devem ser notificadas imediatamente à Secretaria da Agricultura por meio da Inspetoria de Defesa Agropecuária.
Segundo os pesquisadores, essa característica torna os vírus aviários uma ameaça potencial maior. Se uma cepa com essa resistência térmica adquirir também a capacidade de se transmitir entre pessoas – algo que ainda não ocorre de forma sustentada –, o impacto poderia ser significativo.
Hoje, casos em humanos seguem raros e são associados ao contato direto com aves infectadas. Não há indicação de transmissão comunitária.
O estudo reforça a necessidade de vigilância constante e de novas estratégias de prevenção.O Ministério da Saúde recomenda cuidados básicos, como evitar contato com aves doentes, manter boas práticas de higiene em ambientes rurais e ficar atento a sintomas gripais após exposição a criadouros.
Para a comunidade científica, a descoberta abre caminho para pesquisas sobre vacinas e tratamentos capazes de lidar com vírus que ignoram mecanismos naturais de defesa.







