Pacientes que precisam de tratamento por meio do Município de Palmas estão se sentindo prejudicados, já que muitos medicamentos que deveriam ser entregues de forma gratuita vivem em falta. A dona de casa Suely da Silva Sousa é uma das afetadas pelo problema.
Diagnosticada com bipolaridade, o seu bem-estar depende de sete medicações para a condição. Mas, atualmente, ela só conseguiu pegar dois nas farmácias do município.
“Eu já cheguei até a inchar por falta da medicação. Porque eles passavam outra medicação porque não tinha a minha. Já cheguei até levar na justiça, mas não quis ir adiante porque não quero o dinheiro de ninguém, quero é meus remédios, preciso dos meus remédios”, reclamou.
O servidor público Mário Florêncio dos Reis está acompanhando a internação do pai, no Hospital Geral de Palmas (HGP). Mas antes de ser encaminhado para a unidade estadual, enfrentou a falta de medicamentos, que não eram entregues pela prefeitura.
Quando estava na UPA Norte, recebeu o diagnóstico para trombose, mas quando precisou tomar ao primeiro remédio para a condição, não havia o medicamento.
“Eu falei, ‘e aí’. ‘E aí que vai ficar sem tomar’. E a médica falou que se não entrasse com a medicamento, o risco de uma amputação é muito grande”, relembrou.
Para resolver o problema, ele teve que comprar o remédio necessário. “Se a gente não tivesse comprado, poderia ter acontecido uma coisa pior”, explicou, afirmando que o custo foi de R$ 120. “Eu acho que medicamento não tem que acabar para poder comprar. Ta baixando o estoque, tem que comprar”, completou.
A falta de medicamentos tem sido um problema recorrente em Palmas, segundo o Ministério Público. Em abril, o MP, durante uma visita a unidade de saúde da Arno 71, verificou a ausência de vários medicamento. Na farmácia, segundo a promotoria, não tinha sequer dipirona, um medicamento usado para dores e febre.
“Estivemos lá em 2022 três vezes e não tinha reformado. A reforma concluiu-se no final do ano passado e fomos lá constatar o prédio novo. Ficou boa a reforma, só que está faltando medicamentos. Nós já oficiamos a Secretaria de Saúde para que tome providências com relação à falta de medicamentos”, explicou o promotor Thiago Ribeiro Vilela.
A unidade é referência para a arno 71, arne 51, loteamento água e região Santo Amaro. Ou seja, atende uma população de cerca de sete mil pacientes.
As ações ajuizadas pelo Ministério Público alertam pacientes a denunciarem o problema. As reclamações podem ser feitas diretamente a promotoria da saúde ou pela ouvidoria do MP.
O que diz a prefeitura
A prefeitura de Palmas informou em nota que, atualmente, o estoque de medicamentos está em mais 70% abastecido e que em faltas pontuais o paciente pode pedir a equipe médica a substituição do remédio por um similar.
Ainda segundo o município, as UPAs só medicam em casos de emergências e quem recebe receitas lá deve procurar as farmácias municipais.
Veja nota da prefeitura na íntegra:
A Secretaria Municipal da Saúde (Semus) destaca que está com o estoque regular de medicamento em mais de 70% para atender as necessidades da comunidade e reforça que, em faltas pontuais de um determinado fármaco, o paciente pode procurar a equipe de saúde para avaliar a possibilidade de uma substituição medicamentosa similar, a fim de não causar prejuízo no tratamento do usuário.
Vale ressaltar que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) atendem somente os setores internos da unidade para demandas de urgência e emergência, conforme preconiza o Ministério da Saúde (MS). Os pacientes atendidos nestes locais que recebem uma receita médica, precisam procurar as farmácias municipais para adquirir o medicamento indicado.
A Semus esclarece ainda que nem todo medicamento prescrito é garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, para dar transparência aos usuários, a pasta disponibiliza no site da Prefeitura de Palmas a lista padronizada dos fármacos fornecidos pela gestão municipal na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) e também da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume), disponível neste link.
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