Grandes astros brasileiros, como Selton Mello, Paolla Oliveira, Isis Valverde e Klara Castanho, se aventuraram pela primeira vez no terror e suspense. Os gêneros, que ainda são pouco explorados pelo cinema nacional, ganharam neste ano oportunidades de furar a bolha e conquistar novos fãs com produções que chegam até dezembro aos cinemas.
Enterre Seus Mortos, filme de terror com Selton Mello que estreia nesta quinta-feira (30/10), é um forte exemplo desse movimento. Protagonizado pelo ator de Ainda Estou Aqui, o longa conta com um elenco estrelado, que inclui Marjorie Estiano e Betty Faria, e uma megaprodução de dar inveja a títulos de Hollywood.
Baseado no livro de mesmo nome, Enterre Seus Mortos foi um dos destaques do Festival de Cinema do Rio do ano passado. Agora, chega às salas de cinemas como uma amostra do que é possível fazer dentro do gênero no país — trazendo desde os mistérios sobrenaturais do apocalipse à crueldade humana dos assassinos em série.
Durante o festival carioca, inclusive, muitas outras apostas foram apresentadas pela primeira vez aos espectadores. Na edição deste ano, dois filmes de terror foram vencedores de Melhor Longa de Ficção pelo Júri Popular: #SalveRosa e Herança de Narcisa. Este último, vencedor na mostra Novos Rumos, marca a estreia de Paolla Oliveira no gênero.
Ao Metrópoles, os diretores, Clarissa Appelt e Daniel Dias, não escondem que ainda existam desafios em se fazer terror no Brasil, sejam eles técnicos ou de orçamento. Com dedicação, porém, eles garantem que é possível fazer histórias que impactem diretamente o público.
“Se você quer fazer cenas de terror de verdade, você precisa de dinheiro, precisa de pessoas que saibam fazer isso, e esse é o maior desafio. Mas filme de terror não precisa ser caro para ser bom”, destaca Clarrisa. “[O terror] é um gênero que garante você sentir alguma coisa. E eu acho que as pessoas estão querendo isso: a garantia que elas vão se envolver com as histórias de verdade”, completa.
Diretor de A Própria Carne, que chegou aos cinemas nesta quinta-feira (30/10), Ian SBF destaca o desafio de se criar cenas que funcionem como terror. “Você precisa causar medo e isso não é exatamente fácil, você tem que entender um pouquinho do psicológico do ser humano”, avalia.
Ele garante que, embora venha da comédia, a experiência mais divertida é fazer filmes de terror. “Acho que não tem nenhum tipo de filme que possa ser tão divertido de filmar. É uma oportunidade para curtir fazer cinema.”
Mais que sustos
Além de chocar com cenas perturbadoras, os filmes de terror são também forma de trazer muitos tópicos desconfortáveis para a audiência. Em Virtuosas, também estreante do Festival do Rio, o suspense e o humor ácido se unem para fazer uma crítica à opressão imposta às mulheres dentro do conservadorismo religioso.
“O terror é um gênero que me fascina desde a infância”, conta a diretora Cíntia Domit Bittar ao Metrópoles. “É muito rico e são diversas as maneiras de evocar o medo e o estranho. Um território fértil para abordar temas contemporâneos da sociedade e tecer críticas, ainda mais no meu caso, pois o que mais me assusta não são demônios e espíritos, mas sim a maldade das pessoas e até onde elas são capazes de ir para conseguir o que querem”, acredita.
“O cinema de gênero (como o terror) no Brasil está longe de ser novidade ou raridade, apesar de eu concordar que, sim, ainda há preconceito e muitas vezes tido como um ‘cinema menor’ dentro do nosso meio e da Academia. O que acredito que vem ocorrendo é o acompanhamento de uma tendência mundial, valorização e reconhecimento do cinema de terror, não somente como filmes populares, mas com potencial artístico”, destaca.
Confira outros destaques do terror nacional em 2025 para ficar de olho:
- Apanhador de Almas, em exibição nos cinemas e disponível para aluguel no streaming;
- Coração da Selva, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (30/10);
- Papagaios, em exibição na Mostra Internacional de São Paulo.


 
					



 
                
