O relatório mensal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado nesta terça-feira (9/12), trouxe poucas mudanças em relação ao dado divulgado em novembro para a oferta e demanda de soja. A mais significativa delas talvez tenha ficado com as projeções mundiais.
Para a produção global, houve alta de 0,2% nas previsões em relação ao mês passado, com oferta para 2025/26 estimada em 422,54 milhões de toneladas.
A estimativa de exportação mundial de soja caiu 0,1%, prevista em 187,7 milhões de toneladas. Já sobre os estoques globais da oleaginosa, houve alta de 0,3%, previstos agora em 122,37 milhões de t, diz USDA.
Como acontece todo o mês, os analistas esperam por ajustes na safra dos EUA, que não aconteceram em dezembro. A produção se manteve em 115,75 milhões de toneladas; as exportações se mantiveram em 44,5 milhões, enquanto os estoques finais permaneceram em 7,89 milhões de toneladas. A aposta dos analistas, no entanto, era de um aumento dos estoques americanos, que poderiam alcançar 8,22 milhões de toneladas.
O USDA também não trouxe grandes novidades para a safra de soja da América do Sul. A previsão de colheita ficou estável em relação a novembro, em 175 milhões de toneladas. Na Argentina, a previsão de colheita se manteve em 48,5 milhões de toneladas.
O departamento americano ainda projetou importações da China em 112 milhões de toneladas para este ciclo, mesmo número projetado em novembro.
Milho
Em relação ao milho, o USDA projetou uma oferta mais ajustada em alguns dos principais produtores mundiais do cereal. A colheita global na safra 2025/26 foi estimada em 1,28 bilhão de toneladas, com recuo de 0,3% na comparação com o dado de novembro. A estimativa para os estoques finais também caíram na projeção mensal, retração de 0,8%, com o volume de 279,15 milhões de toneladas.
O USDA manteve a previsão de colheita nos Estados Unidos em 425,53 milhões de toneladas, o que seria uma produção recorde. Por outro lado, reforçando a tendência de demanda firme, a estimativa de exportação do milho americano cresceu 4,1% em relação a novembro, para 81,28 milhões de toneladas.
Com cenário de uma demanda em alta, os estoques finais nos EUA tiveram corte de 5,8%, com o volume de 51,33 milhões de toneladas.
Outro ajuste importante nas previsões de safra de milho aconteceu na Ucrânia. O departamento americano reduziu em 9,4% a previsão de safra no país em 2025/26, que agora deverá alcançar 29 milhões de toneladas. No que se refere às exportações, o USDA cortou em 6,1% sua projeção mensal, para 23 milhões de toneladas.
Apenas Brasil e Argentina tiveram um quadro estável para as previsões de safra neste relatório de dezembro. A produção brasileira se manteve em 131 milhões de toneladas, e a argentina projetada em 53 milhões de toneladas.
Trigo
O relatório do USDA revisou para cima as perspectivas globais do trigo para a safra 2025/26. As estimativas apontam aumento de oferta, estoques, consumo e comércio mundial.
A oferta global deve atingir 1,09 bilhão de toneladas, 7,5 milhões acima da projeção anterior. O avanço reflete principalmente a elevação das estimativas de produção em grandes países exportadores.
Entre os destaques, a Argentina teve a produção ajustada para 24 milhões de toneladas, alta de 2 milhões em relação ao último relatório, impulsionada por condições favoráveis ao longo da temporada de cultivo, especialmente em Buenos Aires, principal região produtora. As exportações argentinas também foram revistas para cima, passando de 14 milhões para 14,5 milhões de toneladas. O país é o principal fornecedor de trigo ao Brasil.
Para o Brasil, o USDA manteve as projeções: produção de 7,7 milhões de toneladas, importações de 7,3 milhões e estoques finais de 2,4 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, todas as categorias de oferta e uso também permanecem inalteradas neste mês.
A União Europeia teve sua produção elevada para 144 milhões de toneladas, um acréscimo de 1,7 milhão, após atualização de estatísticas oficiais. Austrália e Rússia também receberam ajustes positivos de 1 milhão de toneladas cada, alcançando 37 milhões e 87,5 milhões de toneladas, respectivamente.
O Canadá registrou uma das revisões mais significativas, com incremento de 3 milhões de toneladas, atingindo um recorde de 40 milhões, com base na projeção final de produção divulgada pelo Statistics Canada.
Na Rússia, a produção foi revisada para 87,5 milhões de toneladas, 1 milhão acima da estimativa anterior. As exportações permaneceram estáveis, enquanto os estoques finais subiram para 13,19 milhões de toneladas. A Ucrânia, por sua vez, teve a projeção de exportações reduzida de 15 milhões para 14,5 milhões de toneladas.
O USDA também aumentou a previsão de consumo global em 4,1 milhões de toneladas, totalizando 823 milhões, puxado principalmente pelo maior uso em ração e consumo residual. O comércio mundial foi ajustado para 218,7 milhões de toneladas, alta de 1,5 milhão, refletindo maiores vendas externas de Austrália, Canadá e Argentina, compensando reduções na Turquia e na Ucrânia.
Os estoques finais globais para 2025/26 foram elevados para 274,9 milhões de toneladas, 3,4 milhões acima da última projeção, em razão do aumento nos principais países exportadores.
O USDA apresentou revisões para o balanço global de algodão da safra 2025/26, com leve redução na produção, no consumo e no comércio mundial, enquanto os estoques finais cresceram em relação ao mês anterior.
A produção global passou a ser estimada em 26,08 milhões de toneladas, queda de 0,2% frente ao relatório de novembro. Segundo o USDA, a revisão reflete principalmente a redução de área e de produtividade na Zona Franco-Africana, parcialmente compensada por um aumento na safra norte-americana.
Já o consumo mundial foi ajustado para baixo, acompanhando a menor utilização pelas fiações no Brasil, nos Estados Unidos e em países da América Central.
No comércio internacional, o órgão reduziu a projeção de exportações globais para 9,52 milhões de toneladas, retração de 0,6%, com base em ajustes nas estimativas de produção e em dados recentes de embarques de diversos países. Mesmo com movimento moderado no mercado, os estoques finais mundiais foram elevados para 16,54 milhões de toneladas, avanço de 0,1%, mantendo a relação estoque/uso global em 64%.
Para os Estados Unidos, o USDA elevou a projeção de produção para 3,11 milhões de toneladas, aumento de 1,1% em relação ao mês anterior. A revisão decorre de rendimentos maiores na maior parte dos Estados do Sudeste e do Delta. O uso pelas fiações foi reduzido, enquanto exportações e importações permaneceram inalteradas. Com isso, os estoques finais subiram 4,7%, alcançando 97,98 mil toneladas.
A projeção de produção brasileira foi mantida em 4,08 milhões de toneladas, assim como as exportações, estimadas em 3,16 milhões de toneladas. Os estoques finais, porém, tiveram elevação de 5,2%, para 92,97 mil toneladas, acompanhando o ajuste de consumo global.
A produção da Índia permaneceu estimada em 5,23 milhões de toneladas, com exportações estáveis em 28,3 mil toneladas e estoques finais em 2,29 milhões de toneladas.
Para a China, o USDA manteve a previsão de safra em 7,29 milhões de toneladas. As exportações ficaram em 1,74 mil toneladas, e os estoques finais, em 7,66 milhões de toneladas.







